A região litorânea do Para­­ná é uma das áreas do estado onde existe maior equilíbrio entre os setores produtivos e a conservação ambiental. Inseridos em uma área de grande biodiversidade – em meio a santuários ecológicos, parques nacionais e unidades de conservação –, os sete municípios tiveram de readequar a produção tradicional às exigências de preservação e uso sustentável dos recursos naturais. Esse fator acabou determinando as vocações produtivas da região.

No caso da agricultura, a impossibilidade de expandir as áreas de cultivo acabou levando à diversificação das atividades econômicas nos espaços já existentes, além da adoção de culturas amigas da natureza, como a plantação de palmáceas e banana, grandes destaques da região hoje, juntamente com o pescado e camarão marinhos. Entre uma série de outros produtos cultivados pela agricultura familiar no litoral paranaense destacam-se também a mandioca, o arroz e uma grande variedade de hortaliças.

A diversidade de atividades econômicas em áreas agrícolas pequenas é a principal característica da produção no litoral, afirma Paulo Roberto Chistóforo, chefe do Núcleo Regional de Paranaguá da Secretaria de Abastecimento do Estado (SEAB/PR), para quem “é preciso aliar a produção à conservação da natureza, sem esquecer o pequeno agricultor que já estava inserido no ambiente e depende da terra para o sustento familiar”.

Agregando valor

A dificuldade de expansão das áreas de cultivo nos municípios do litoral levou os agricultores a buscarem formas de agregar valor aos produtos. É o caso das balas de banana de Antonina, da cachaça de Morretes, dos chips e farinha de mandioca e das compotas e conservas feitas com frutas e hortaliças da região.

Moradora de Morretes, a agricultora Rosana Cagni, de 43 anos, começou fazendo conservas para o consumo da família. O sucesso foi tanto que, em 2005, ela industrializou o processo. Cinco anos depois já são mais de 40 tipos de compotas e conservas à base de pepino, chuchu, quiabo, cebola, banana, gengibre, entre outros. “Sei que preciso investir nos produtos que circulam mais, mas gosto de inventar e testar novas receitas”, diz Ro­sana, referindo-se à grande variedade de conservas que produz.

Satoshi Nonaka, da Emater de Matinhos, também ressalta a importância de agregar valor ao pescado, principal produto do município. Para ele, esse é um processo que passa pela revitalização do mercado municipal do peixe e por torná-lo um atrativo turístico e gastronômico. “A pesca artesanal respeita o meio am­­biente. Além disso, os turistas gostam da proximidade e do contato direto com os pescadores”, diz.

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